segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Aquisições - outubro e novembro




Se um período de férias está na sua agenda nos próximos meses, inclua uma boa leitura na sua lista de atividades!
Publicamos as obras adquiridas nos meses de outubro e novembro 2009:


ANDRADE, Marta Doreto. Responda-me por favor!: Namoro, sexualidade, drogas. 7a. Rio de Janeiro - RJ: CPAD - RJ, 2001. 152p. ISBN 85-263-0322-8.

ATKINSON, David. A Mensagem de Rute: As asas de refúgio. 1a. - 1a. reimpressão. São Paulo - SP: ABU - SP, 2205. 134p. (A Bíblia Fala Hoje). ISBN 8570550642.

BAILEY, Faith. George Müller: o triunfo da fé no sobrenatural. São Paulo - SP: Editora Vida, 2006. 167p. ISBN 857367961-1.

BIDDULPH, Steve. O Segredo das crianças felizes. São Paulo - SP: Fundamento, 2003. 133p. ISBN 858835012-2.

BRADFORD, Kermit. Milagre no corredor da morte. São Paulo - SP: Editora Vida, 2006. 119p. ISBN 857367985-9.

C.J.DEN HEYER. Paulo, um homem de dois mundos. 1a. São Paulo - SP: Paulus, 2009. 221p. ISBN 9788534929905.

CABRAL, J. Nova Era e Velhas Mentiras. 1a.- 3a. tiragem. Rio de Janeiro - RJ: Universal, 2000. 104p. (Coleção Reino de Deus). ISBN 8571400377.

CARREZ, Maurice et al. As cartas de Paulo, Tiago, Pedro e Judas. Tradução de Benôni Lemos. 3ª. São Paulo - SP: Paulus, 2008. 341 p. ISBN 978-85-349-0627-2.

CHAPELL, Bryan. Começando pelo Amém. Tradução de Elizabeth Stowell Charles Gomes. 1ª. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 176 p. ISBN 978-85-7622-287-3.

COLSON, Charles; FICKET, Harold. A Fé em tempos pós modernos: em que creem os cristãos. 1. ed. São Paulo - SP: Editora Vida, 2009. ISBN 978-85-383-0116-5.

COVELL, Jim e Karen. Jesus Cristo mudou meu viver: Histórias extraordinárias de milagres que transformaram vidas. São Paulo - SP: Editora Vida, 2003. 229p. ISBN 857367710-4.

CYMBALA, Jim. Uma igreja abençoada por Deus: Como agradar e servir a Deus. 1a. São Paulo - SP: Editora Vida, 2002. 134p. ISBN 8573675985.

DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja da Renascença e da Reforma: A Reforma Protestante. Tradução de Américo da Gama. São Paulo - SP: Quadrante, 1996. 526 p.

DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja das Catedrais e das Cruzadas. Tradução de Américo da Gama. 1993. ed. São Paulo - SP: Quadrante, 1993. 717 p.

DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja dos Tempos Bárbaros. Tradução de Américo da Gama. São Paulo - SP: Quadrante, 1991. 644 p.

DEBS, Paulo. O Pequeno Peregrino. 1a. São Paulo - SP: Mundo Cristão - SP, 2009. 32p., il. ISBN 9788573255713.

DROBNER, Hubertus R. Manual de Patrologia. Tradução de Orlando dos Reis, Carlos Almeida Pereira. 2ª. Petrópolis - RJ: Vozes - Petrópolis/RJ, 2008. 653 p. ISBN 978-85-326-2366-9.

ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. Tradução de Lucy Yamakami. 1ª. São Paulo - SP: Vida Nova - SP, 2008. 540 p. ISBN 978-85-275-0247-4.

EVANS, Craig. O Jesus fabricado. Tradução de Elizabeth Stowell Charles Gomes. 1ª. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 240 p. ISBN 978-85-7622-267-5.

FERNANDES, Celso. Luz, Câmera, Ação!: Como usar filmes para ilustrar mensagens bíblicas. [S.l.]: Juerp - RJ. 152p. ISBN 85-7367-812.

FOSTER, Richard J. Dinheiro, sexo e poder: um chamado à renovação ética. Tradução de Wanda de Assumpção. 2ª. São Paulo - SP: Mundo Cristão - SP, 2005. 238 p. ISBN 85-8567-095-9.

FREYNE, Sean. Jesus. um judeu da galiléia: nova leitura da história de Jesus. Tradução de Élcio Verçosa Filho. 1ª. São Paulo - SP: Paulus, 2008. 190 p. ISBN 978-85-349-2894-8.

GETZ, Gene A. Igreja: forma e essência: o corpo de Cristo pelos ângulos das escrituras, da história e da cultura. Tradução de Marcio Loureiro Redondo. 1ª. São Paulo - SP: Vida Nova - SP, 2007. 420 p. ISBN 978-85-275-0204-7.

GOMES, David. Hudson Taylor: uma autobiografia. Rio de Janeiro: Escola Bíblica do Ar.

HAWKINS, Greg L. Siga-me: O que vem a seguir. São Paulo - SP: Editora Vida, 2009. 188p.

HOUSTON, James. A Felicidade: A verdadeira plenitude da vida. Tradução de José Fernando Cristófalo. 1ª. Brasília - DF: Palavra - DF, 2009. 288 p. ISBN 978-85-60387-52-6.

HOUSTON, James. O Desejo: Satisfazendo a fome da alma. Tradução de José Fernando Cristófalo. 1ª. Brasília - DF: Palavra - DF, 2009. 320 p. ISBN 978-85-60387-50-2.

HUNT, Dave. O Dia do Juízo!: O Islã, Israel e as Nações. 1a. Porto Alegre, RS: Chamada da Meia-Noite - RS, 2007. 416p. ISBN 978-85-7720-009-2.

JEREMIAS, Joachim. As Parábolas de Jesus. 10a. São Paulo - SP: Paulus, 2007. 240p. ISBN 9788534907002.

JONES, E. Stanley. Jesus é Senhor. 2a. São Paulo - SP: Shedd Publicações, 2005. 80p. ISBN 85-88315-01-7.

KIDNER, Derek. A mensagem de Oséias: Ame quem não ama. 2a. 1993 - 1a. reimpressão:2005. São Paulo - SP: ABU - SP, 2005. 124p. (A Bíblia Fala Hoje). ISBN 857055063-4.

KISTLER, Don - organizador. Crer e Observar: O cristão e a obediência. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 144p. ISBN 9788576222453.

LASOR, William S.; HUBBARD, David Allan; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução de Lucy Yamakami. 2ª. São Paulo - SP: Vida Nova - SP, 2007. 860 p. ISBN 978-85-275-0267-2.

LIETH, Norbert. A epístola de Judas: O último capítulo antes do arrebatamento. Porto Alegre, RS: Chamada da Meia-Noite - RS, 2009. 112p. ISBN 85-7720-035-1.

LITTLETON, Kathleen. A Paz que Excede Todo Entendimento: A história emocionante de uma mulher que superou a dor da injustiça. 1a. São Paulo - SP: Editora Vida, 2005. 257p. ISBN 857367797.

LYON, David. O Cristão e a Sociologia. 1a. 1996. São Paulo - SP: ABU - SP, 2000. 102p.

MACARTHUR, John. Crer é difícil: O alto custo e valor infinito de seguir Jesus. 1a. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 208p. ISBN 978-85-7622-291-0.

MALGO, Wim. Chamado a Orar. revisada. Porto Alegre, RS: Chamada da Meia-Noite - RS, 2007. 130p. ISBN 978857408013-6.

MALGO, Wim. Quem são os 144.000 selados e as duas testemunhas do Apocalipse?. Porto Alegre, RS: Chamada da Meia-Noite - RS, 1999. 166p. ISBN 85-7408-021-7.

MANNING, Joseph. O milagre do amor ágape. São Paulo - SP: Vida - SP, 2006. 119p. ISBN 85-7367-954-9.

MCLAREN, Brian. Em busca de uma fé que faz sentido. Tradução de Ana Paula Garcia Spolon. 1ª. Brasília - DF: Palavra - DF, 2009. 200 p. ISBN 978-85-60387-46-5.

MORE, Thomas. A sós com Deus: Escritos da prisão, 1534-1535. São Paulo - SP: Quadrante, 2002. 166p. ISBN 8574650501.

OMARTIAN, Stormie. O poder da oração no casamento. Tradução de Maria Emilia de Oliveira. 1ª. São Paulo - SP: Mundo Cristão, 2009. 318 p. ISBN 978-85-7325-558-4.

PACKER, James I. A Oração do Senhor. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 110p. ISBN 9788576222576.

PACKER, James I. Havendo Deus falado. Tradução de Neuza Batista da Silva. 1ª. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 176 p. ISBN 978-85-7622-286-6.

PACKER, James I. Oração: do dever ao prazer. 1ª. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 288 p. ISBN 978-85-7622-277-4.

PIPER, John. A paixão de Deus por sua Glória: Vivendo a visão de Jonathan Edwards. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2008. 256p. ISBN 857622134-9.

RAHNER, Karl. Curso Fundamental da Fé. Tradução de Alberto Costa. 4ª. São Paulo - SP: Paulus, 2008. 531 p. ISBN 978-85-349-0516-9.

RAMOS, Leonardo; CAMARGO, Marcel; AMORIN, Rodolfo (Org.). Fé cristã e cultura contemporânea: Cosmovisão cristã, igreja local e transformação integral. Viçosa - MG: Ultimato, 2009. ISBN 978-85-7779-030-2.

SAWYER, M. James. Uma Introdução à Teologia: Das questões preliminares, da vocação e do labor teológico. Tradução de Estevam F. Kirschner. 1ª. São Paulo - SP: Vida - SP, 2009. 710 p. ISBN 978-85-383-0126-4.

SIRE, James W. O Universo ao Lado. São Paulo - SP: Hagnos, 2004. 293p. ISBN 8524303034.

STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. Tradução de Augusto Victorino. 2ª. São Paulo - SP: Hagnos, 2007. 2 v. ISBN 978-85-7742-009-4.

SWINDOLL, Charles. Firme seus valores. Venda Nova - MG: Betânia - BH, 1985. 280p.

SWINDOLL, Charles. Intimidade com o Todo-Poderoso: Tendo um encontro com Cristo nos lugares secretos da sua vida. 4a. São Paulo - SP: Mundo Cristão - SP, 2000. 76p.

SYLVESTRE, Josué. Tempo de rir. São Paulo - SP: Editora Vida, 1998. 135p. ISBN 857367316-8.

VEIGA, Carlinhos; SZUECS, Rick (Org.). O livro do som do céu: Mocidade para Cristo do Brasil. [S.l.]: Juerp - RJ. ISBN 978-85-60387-48-9.

VOLF, Miroslav. O fim da memória: Interrompendo o ciclo destrutivo das lembranças dolorosas. Tradução de Almiro Pisseta. 1ª. São Paulo - SP: Mundo Cristão - SP, 2009. 255 p. ISBN 978-85-7325-562-1.

WIKER, Benjamin. Um mundo com significado: Como as artes e a ciência revelam o gênio da natureza. São Paulo - SP: Cultura Cristã - SP, 2009. 240p. ISBN 978857622282-8.

WRIGHT, N. T. O mal e a justiça de Deus: Mundo injusto, Deus justo?. Tradução de Cláudia Ziller Faria. 1ª. Viçosa - MG: Ultimato, 2009. 160 p. ISBN 978-85-7779-018-0236.

WRIGHT, N. T. Paulo: Novas perspectivas. 1a. São Paulo - SP: Loyola - SP, 2009. 229p. ISBN 978-85-15-03098-9.

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Pergunta sobre Deus


Como fazer a pergunta sobre Deus em nosso tempo? "O discurso sobre o Deus vivo, criador do mundo, está ameaçado a converter-se hoje, até na boca dos cristãos, em um vocabulário vazio. Pelo fato de que a compreensão acerca da realidade do mundo no qual existimos, determinado como está pela ciência e pela técnica, faz o vocabulário Deus parecer supérfluo, senão até tolhedor. Uma determinada forma de viver e pensar sem Deus define atualmente o comportamento cotidiano de cada pessoa, incluindo, também, o cristão. Esse ateísmo vivido é hoje o ponto de partida evidente de toda a reflexão pensante. Já a mera pergunta acerca de se Deus existe e quem é Deus, não precisa hoje de uma justificação particular, quando se apresenta com a necessidade de ser levada a sério por todos, ao menos enquanto pergunta" (p. 5-6)


É assim que Wolfhart Pannenberg apresenta a problemática tratada no livro A pergunta sobre Deus, derivado de uma conferência proferida no Instituto de Teologia e Göttingen em Julho de 1964. De lá para cá, algumas coisas mudaram - há sinais de um reavivamento da teologia natural, as previsões de secularização irreversível com a final extinção da religião nos países ocidentais, feita pelos sociólogos, não se cumpriram, o renascimento de uma filosofia cristã, especialmente nas universidades americanas, está em marcha -, mas pode-se dizer que, em linhas gerais, o panorama desenhado pelo teólogo alemão ainda vale para o princípio do século XXI.


Desde meados do século XIX, afirma Pannenberg, a pergunta sobre Deus foi confinada a um contexto muito limitado. O desafio de Fichte à ideia de um Deus pessoal e, mais tarde, a tese de Feuerbach sobre uma antropologia religiosa tiveram grande repercussão sobre o entendimento filosófico acerca de Deus. A idéia de Deus passou a ser utilizada como uma forma de compreender melhor o homem, valendo a hipótese de Feuerbach de que o homem criou Deus à sua imagem, ou melhor, à imagem da perfeição das virtudes humanas e de que, portanto, a religião é uma antropologia alienada em que o discurso sobre o homem é projetado para um outro ser. Foi, com isso, deixada de lado a questão a respeito da efetividade de Deus ou de seu governo sobre o mundo.


Contudo, a questão continua a ser colocada. Karl Barth entendeu que o próprio ser humano consiste nessa interrogabilidade e que, de alguma forma, isso demonstra a referibilidade do homem à Deus, uma vez que não existe pergunta sem a prefiguração de uma resposta. Essa idéia de Barth, inspirada já pelo pensar de Kierkegaard, especialmente as reflexões feitas em O desespero humano, fez eco em toda a teologia posterior. Bultmann concorda com Barth "que a pergunta que o homem é, só pode ser corretamente compreendida a partir de Deus, o qual é a resposta ao interrogar do homem sobre sua autenticidade" (p. 20), mas discorda de que qualquer tipo de resposta possa ser derivada da interrogabilidade, senão a própria pergunta. Portanto, a interrogabilidade não levaria a qualquer conhecimento positivo sobre Deus. A própria razão natural, argumentou Bultmann, foi capaz de identificar a interrogabilidade, provalmente se referindo à filosofia existencialista.


Entretanto, a pergunta sobre Deus, que é também a pergunta sobre o homem (isso sem nenhuma recaída na "antropologia alienada", muito pelo contrário, com base em uma antropologia teocêntrica), continua a se colocar e devemos enfrentá-la. Não é possível estar-lhe indiferente, apesar do ocultamento promovido pela técnica. Pannenberg afirma que a resposta à pergunta remete ao futuro, mas já está presente: "A resposta definitiva à pergunta existencial do homem é, portanto, o próprio Deus no futuro de sua soberania, a qual consistirá na definitiva revelação de sua divindade, já que esta coloca a história do mundo à luz do fim e, dessa forma, decide e desvela o significado, a essência, de cada um de seus elementos particulares e de cada uma de suas figuras e acontecimentos, manifestando assim o Deus vindouro como Senhor de todas as coisas. A partir do momento em que Jesus aparece, este futuro de Deus já começa a determinar o presente. A partir da aparição e destino de Jesus, torna-se possível viver cada situação atual em sua constelação concreta, segundo a forma como dita situação aparece à luz do futuro de Deus e segundo, portanto, a forma de sua verdade definitiva" (p. 57-58).


Para conhecer melhor essa pergunta e sua posição no pensamento teológico contemporâneo, recomenda-se a leitura do pequeno, mas rico livro desse que é considerado por muitos o maior teólogo acadêmico da atualidade.


Todas as citações foram extraídas de: Pannenberg, Wolfhart. A pergunta sobre Deus. Tradução de Daniel Costa, São Paulo: Novo Século, 2002.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vozes noturnas


Dietrich Bonhoeffer foi um teólogo-poeta que viveu em um dos momentos mais sombrios do século XX, durante o regime Nacional-Socialista Alemão. Foi um dos líderes da Igreja Confessante, ala da igreja evangélica alemã contrária ao governo de Hitler. Por sua oposição militante contra o regime, foi preso e, por fim, executado. Sua obra tem uma enorme importância para todo o pensar teológico posterior. As principais obras de Bonhoeffer são Discipulado e Ética, ambas disponíveis em nossa biblioteca. Além de teólogo brilhante, era também poeta, não só quando se propunha a escrever versos, mas até em suas obras mais acadêmicas. O poema transcrito abaixo está entre os escritos durante o cárcere e demonstra a esperança pelo dia glorioso.


Extraído de: Bonhoeffer, Dietrich. Prédicas e alocuções. Tradução de Harald Malschitzky, São Leopoldo: Sinodal, 2007, p. 94-95.


Vozes noturnas

Por Dietrich Bonhoeffer


Esticado no meu catre,

fito a parede cinzenta.

Lá fora uma noite de verão

que não me conhece

cantando a terra adentra.

Silenciosas as ondas do dia

em praia eterna rebentam.

Dorme um pouco!

Recupera corpo e alma, cabeça e mão!

Lá fora povos, casas, espíritos e corações estão em chamas.

Até que depois da rubra noite

teu dia irrompa -

sê constante!


(...)


Calmos e firmes a todos enfrentamos,

como acusados somos nós que acusamos.


Diante de ti somente, Criador de todo ser,

diante de ti pecado podemos ter.


Com medo de sofrer e pobres no agir,

diante das pessoas acabamos por te trair.


Vimos a mentira erguer a cabeça altiva

e não demos à verdade a honra devida.


Vimos irmãos em grande necessidade,

e só a nossa morte tememos de verdade.


Diante de ti como homens comparecemos,

confessando os pecados que cometemos.


Senhor, passados estes dias de turbulência,

agracia-nos com tempos de constância!


Permite que após tanta desventura

vejamos o despontar de nova aurora!


Faze que até onde com a vista alcançamos

caminhos à tua palavra preparemos.


Até que apagues a nossa culpa

dá-nos a paciência necessária.


Com tranquilidade queremos nos preparar,

para quando a novos tempos fores nos chamar,


até tempestade e ondas acalmares

e por tua vontade milagres fizeres.


Irmão, até que a noite chegue ao fim,

ora por mim!


(...)


Esticado no meu catre,

fito a parede cinzenta.

Lá fora uma manhã de verão

que ainda não é minha

cantando a terra adentra.

Irmãos, até que após a longa noite

nosso dia irrompa,

sejamos perseverantes!

domingo, 22 de novembro de 2009

Chamado ao discipulado


Karl Barth afirma, em seu livro Chamado ao discipulado, que a essência do discipulado é o "siga-me" de Jesus. A palavra grega que traduz o sentido do discipulado é akolouthein, que significa "ir após ou atrás de alguém". Esse verbo grego ganha especial importância no Novo Testamento quando é utilizado no chamamento feito aos discípulos para acompanhar o Mestre e para compartilhar sua vida e seu ministério.


Barth enfatiza que o chamado do discipulado é o chamado da graça. Tanto é assim que pouco se fala a respeito do caráter ou das qualificações daqueles que foram chamados. Pelo contrário, os chamados geralmente são aqueles que possuem pouca formação ou que são considerados terríveis pecadores. Nesse sentido, é exemplar a vocação de Levi. Chamado quando estava na coletoria, Levi , um publicano, não é de forma alguma alguém que possa ser considerado merecedor do chamado. Pelo contrário, o seu chamado é muito simples, muito singelo ou, numa expressão bastante adequada para o caso, gratuito. Por outro lado, aqueles que sem serem chamados quiseram seguir ao Mestre provavelmente baseados em seus próprios méritos e em seus próprios ideais, como o homem rico em Marcos 10: 17-18 e o homem em Lucas 9: 57-58, não puderam fazê-lo porque não é possível chegar ao discipulado verdadeiro de forma meritória. Ademais, enfatiza Barth, esses homens não estavam preparados para o discipulado porque ele exige uma resposta incondicional. "A resposta de Jesus deixa claro que essa pessoa não pode ser considerada como um discípulo: 'Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus'" (p. 20). Nesse sentido, não é possível servir ao Reino e querer manter a servidão às riquezas; não é possível seguir a Deus só depois de realizar uma ou outra tarefa: é necessário deixar aos mortos enterrar os seus próprios mortos.


Barth reafirma o que Bonhoeffer afirmou a respeito do discipulado como simples obediência. A resposta afirmativa ao chamado repousa sobretudo na pessoa que chama. Isso porque não é possível responder sim ao chamado, senão porque é Jesus aquele que chama. O discipulo não atende à convocação baseado em recompensas ou em glórias, mas pela autoridade do Mestre. Mais uma vez a vocação de Levi é o maior exemplo disso. Jesus é o centro do discipulado porque é ele quem nos torna aptos a deixar tudo para segui-lo.


O chamado ao discipulado não é um programa de ação individual ou social comandado por Jesus. Em vez disso, o discipulado é uma relação pessoal com Jesus Cristo. Jesus nos chama pelo nome e possui um propósito para cada um. Não é possível reduzir o discipulado a um padrão de conduta, muito embora ele implique uma excelência moral, porque certas ordens de Deus não são gerais e abstratas, mas individuais e concretas. Jesus, no discipulado, guia as vidas individualmente, particularmente.


Por fim, o discipulado implica uma mudança radical: a transição para uma nova criatura. É o que Barth chama de "golpe de estado" divino, por meio dele Jesus passa a ocupar o lugar central na vida dos discípulos, o que implica em uma mudança de atitude em relação ao mundo, às posses, à honra, à força, aos vínculos humanos e à piedade. É verdade que a resposta afirmativa ao chamado implica auto-negação, mas também é verdade que "se não suportarmos o fardo de Jesus, temos que suportar o fardo que nós mesmo escolhemos, e este é cem vezes mais pesado " (p. 38).


Para saber mais sobre esses temas com mais profundidade e entender melhor o sentido do discipulado, vale a penar ler Chamado ao discipulado de Karl Barth. O livro está disponível em nossa biblioteca!


Citações extraídas de: Barth, Karl. Chamado ao discipulado. Trad.: Moisés Carneiro Coelho, São Paulo: Fonte Editorial, 2006.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mas o melhor de tudo é crer em Cristo


Luís Vaz de Camões (1524-1580) é considerado o poeta nacional português. Suas obras ajudaram a moldar a gramática da língua portuguesa e seu gênio produziu uma das maiores epopéias da história da literatura mundial. O "Soneto 96", transcrito abaixo, mostra a convicção do poeta de que o melhor mesmo é crer em Cristo, que é firme como a rocha e infinitamente fiel a suas promessas, apesar do confuso regimento da fortuna, do acaso, do tempo e da sorte.


Soneto 96

Por Luís Vaz de Camões

Verdade, Amor, Razão, Merecimento

Qualquer alma farão segura e forte,

Porém, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte

Têm do confuso mundo o regimento.

Efeitos mil resolve o pensamento,

E não sabe a que causa se reporte;

Mas sabe que o que é mais que vida e morte

Que não o alcança humano entendimento.

Doutos varões darão razões sumidas,

Mas são experiências mais provadas,

E por isso é melhor ter nunca visto.

Cousas há i que passam sem ser cridas,

e cousas cridas há sem ser passadas.

Mas o melhor de tudo é crer em Cristo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O culto que agrada a Deus


“...para que fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus” 1 Timóteo 3.15

Nossa ênfase no mês de novembro é a temática da adoração: “descobrindo e preparando líderes para a adoração em espírito e em verdade”, com isso visando o aperfeiçoamento dos santos.

O templo foi construído, dedicado e destinado para o culto público a Deus. E, sendo o culto oferecido a Deus, é a Ele que aquele deve agradar e não aos caprichos e gostos humanos. Quem reclama que certo culto não o agradou ainda não compreendeu o sentido da adoração genuína e bíblica; faz-se cliente e não adorador; deus e não criatura; usurpa uma prerrogativa divina! Por outro lado, quem faz o que bem quer no culto, também incorre nos mesmos equívocos. Tenho visto muito crente embirrado, não raro com eventos absolutamente excepcionais em cultos, fazendo assim as vezes de deus!

Mesmo que uma normatização de culto não seja da competência humana, ganharemos muito em abordar algumas questões práticas e controvertidas: os instrumentos musicais, as roupas, o aplauso, os alimentos e as iguarias (chicle)... Isso faremos nos próximos domingos.

A maior parte destas questões deve ser abordada e julgada não tanto pela espiritualidade que poderia revelar, ou a correção doutrinária batista, mas muito mais pelo gosto, pela faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios pessoais e subjetivos. E quando se trata de gosto ou preferência pessoal só há unanimidade no cemitério. Onde há vida e seres vivos aí haverá opiniões e visões divergentes. E, contudo fomos chamados a experimentar a unidade na diversidade neste organismo chamado “Corpo de Cristo” (note, não o corpo de José, ou o de Maria ou ainda de outro). Quem quer impor o seu gosto pessoal sobre uma coletividade está demonstrando vocação para ermitão e não para membro de um grupo.

O que é estabelecido biblicamente como princípio geral é que o culto é destinado a Deus e o que Deus sobretudo busca é a atitude mental e corporal corretas. Ora, o nosso corpo fala e revela sobre os nossos sentimentos os mais íntimos. Guardadas as devidas proporções é possível identificar imediatamente quem está adorando genuinamente pela postura facial e corporal! Deus procura adoradores com a atitude correta (Isaías 1.10ss) que o adorem em espírito e em verdade (João 4.23-24).


II


Uma das posições mais enfocadas na controvérsia quanto ao uso de instrumentos musicais no culto parece ser aquela que julga alguns instrumentos como espiritual e doutrinariamente corretos e apropriados para o culto (órgão e piano) e outros como absolutamente inadequados e não espirituais (bateria, guitarra). A pergunta é se uma posição que busca apoio bíblico, doutrinário ou divino para adoção de certos instrumentos e recusa de outros terá bom êxito ou se a matéria é na verdade uma questão de gosto ou preferência pessoal, i.é., se a questão deve ser julgada a partir da faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios pessoais e subjetivos.

Uma verdade é clara: não há uma doutrina batista a respeito do uso de instrumentos musicais no culto, essa é uma questão do gosto de cada igreja local. Por outro lado usar o argumento da “tradição batista” como alguns o fazem, soa absolutamente contraditório, pois os batistas têm defendido, nos mais de 400 anos de história, a absoluta autoridade das Escrituras Sagradas em questões de fé e prática e não de alguma tradição. Tradições, mesmo as melhores, não são normativas para batistas!

Haverá então na Bíblia um “princípio regulador do culto” no que tange ao uso de instrumentos musicais? Várias autoridades idôneas da área teológica* elaboram uma consistente e curiosa posição bíblica sobre o assunto: “Adão e Eva, que adoraram a Deus antes da queda, usaram apenas suas vozes em louvor a Deus. Esta afirmação é provada pelo fato de que instrumentos musicais não foram inventados até oito gerações (Genesis 4.20-21)”. Temos no AT vários exemplos do uso de instrumentos musicais para o prazer pessoal, em celebrações de vitórias ou como trombetas de proclamações. Contudo a introdução e uso de instrumentos musicais na adoração pública, está conectada com o sistema sacrificial e foi um aspecto da Lei Cerimonial. Em suma o uso de instrumentos musicais na adoração pública era levítica, cerimonial e tipológica. Incenso, vestimentas, altares e instrumentos musicais faziam parte da adoração cerimonial do Antigo Testamento, como “sombras” ab-rogadas com a vinda de Cristo e, “visto que o Novo Testamento ensina que todos os aspectos cerimoniais de adoração do Templo foram abolidos, as passagens que falam do uso de instrumentos musicais no culto público, debaixo do Antigo Pacto, não providenciam sanção bíblica para o uso de instrumentos musicais na adoração pública hoje”. Comentando o salmo 71 João Calvino escreveu: “Cantar os louvores de Deus ao som da harpa e do saltério inquestionavelmente formava uma parte do aprendizado da lei e do serviço de Deus sob aquela dispensação de sombras e figuras; mas não devem agora ser usadas nas ações de graças públicas.” (Salmos 3, Pg. 65). No culto no templo eles foram usados por sacerdotes e levitas e não foram usados na Sinagoga Judaica até 1810 d.C. na Alemanha. Já o NT silencia de forma absoluta a respeito do uso de instrumentos no culto. Por isso conclui Schwertley: “Os cristãos não podem mais ter interesses em usar instrumentos musicais no culto público do que usar vestimentas sacerdotais, velas, incenso, altares e um sacerdócio sacerdotal”. Concluí-se que na Bíblia não há sanção para uso de bateria e guitarra no culto público no templo, como também para o uso de piano ou órgão. Se quisermos ser literalistas não há outro caminho senão abolir todos os instrumentos musicais e retornar ao louvor apenas com as vozes no melhor estilo gregoriano.

Instrumentos musicais no culto público são, entretanto, excelentes apoios à adoração vocal, portanto uma questão de necessidade prática. A adoção dos diferentes tipos de instrumentos musicais são uma questão de gosto e preferência e devem seguir os critérios de bom senso, cultura local e respeito à diversidade. Tolerância para com o gosto alheio é o único caminho para viabilizar a convivência cristã numa congregação onde a diversidade de gostos é inevitável.

Um visitante ilustre de gosto musical apurado comentou sobre uma cantata executada em nossa igreja: “Não me acrescentou nada, porque os instrumentos, principalmente os metais, me irritaram por estarem muitos altos e eu não conseguia ouvir as vozes e conseqüentemente entender a mensagem”. Neste exemplo, os instrumentos, embora tradicionais (não era bateria e guitarra), prestaram um desserviço ao culto pelo uso sem bom senso.

Vê-se que a questão pivotal não é este ou aquele instrumento, mas o bom senso no uso e a atitude correta de adoração.

*dentre elas: João Calvino, Salmos volumes 1, 2, 3 e 4. Série Comentários Bíblicos. Editora Fiel, São José dos Campos, 2009. Brian Schwertley, Os Instrumentos Musicais no Culto Público de Deus, Lansing, MI, 1998


III


À guisa de conclusão sobre o assunto tratado na pastoral do último domingo, a respeito das posições antagônicas e polarizadas do uso de instrumentos musicais no culto: “bateria e guitarra versus piano e órgão”, reitero que não há uma doutrina batista a respeito do assunto e que não se pode como batista buscar sanção em uma pretensa “tradição” para uma posição mais conservadora que rejeite o uso de instrumentos musicais contemporâneos, tendo em vista que a maior tradição batista é exatamente não seguir tradições humanas em questões de fé e prática. Tal verdade desautoriza a rejeição/aceitação de instrumentos musicais sob alegação de serem ou não serem batistas.

Além disso, verificamos que a Bíblia não oferece sanção para uso de quaisquer instrumentos musicais no culto público no templo, haja vista estarem as padronizações registradas no Antigo Testamento ligadas ao sistema sacrificial e cerimonial do Antigo Pacto, como sombras, ab—rogadas com a vinda e morte de Cristo. Tais padronizações incluíam além de determinados instrumentos musicais, vestimentas sacerdotais, velas, incenso, altares e um sacerdócio sacrificial. Tentar fundamentar preferências por instrumentos musicais na Bíblia, como por exemplo, no Salmo 150, exigiria a busca frustrada de reprodução rigorosa daqueles instrumentos musicais ali citados, inclusive os barulhentos “címbalos altissonantes”, e legitimaria os famigerados atuais grupos de coreografia, por conta da expressão do verso 4: “louvai-o com adufe e com danças”. Em suma, se baseio minhas preferências por certos instrumentos musicais no Salmo 150 ou na Bíblia, não posso deixar de admitir tudo o que é citado neste salmo, incluindo danças. Mas, a Bíblia, ou o Salmo 150 não oferecem sanção para uso de quaisquer instrumentos musicais no culto público no templo hoje e a intenção do Salmo 150 é bem outra! Uma interpretação rigorosamente bíblica desautoriza a rejeição/aceitação de instrumentos musicais sob alegação de serem ou não serem bíblicos.

Instrumentos musicais no culto público no templo são excelentes apoios à adoração vocal e portanto uma questão de necessidade prática inspiradora. E a adoção dos diferentes tipos de instrumentos musicais é uma questão de gosto e preferência e o seu uso deve seguir os critérios de bom senso, respeito à diversidade e cultura local.

O bom senso manda usar o instrumento musical sem suplantar as vozes; ele deve servir apenas de apoio. Já o princípio da diversidade deve levar à compreensão de que uma congregação composta de diversas faixas etárias e diversos gostos musicais só poderá subsistir com uma relação de equilíbrio entre os diferentes gostos. Sem privilegiar uns em detrimento de outros.

Por último, temos a cultura local. Com isso me refiro ao jeito Memorial de ser. A cultura da Memorial em termos de instrumentos musicais é equilibrada. O louvor é acompanhado ora apenas com instrumentos clássicos, ora também com instrumentos contemporâneos, respeitando assim a diversidade de sua congregação. Queremos que todas as gerações e todos os gostos sejam aqui contemplados com bom senso e equilíbrio e encontrem no Templo Memorial “ninho para si”.

Chamados a adorar não apenas sozinhos e isolados, mas unidos e em família, que encontremos sempre aqui a instância adequada de equilíbrio, bom senso, tolerância e edificação mútua. Que a unidade na diversidade dignifique o Deus da “multiforme sabedoria” (Efésios 3.10).

Pr. Josué Mello Salgado