quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Oração de Fim de Ano



"Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."

(1Te 5.18)





Oração de Fim de Ano


por Célia Reis



Obrigada, Senhor, por Jesus Cristo

E pela salvação que ele nos deu.

Obrigada pela saúde, pela paz, pelo pão,

pelos amigos tão bons,

pelas vitórias que nos fizeram vibrar

e pelas dores que nos fizeste passar, porque,

através de tudo isto, nós pudemos ver

o teu amor e a tua misericórdia.

Obrigada pelo ano que se finda

e ajuda-nos a ser

cada vez melhores,

cada vez mais crentes,

cada vez mais fiéis,

cada vez mais LUZ

no ano que se aproxima,

para que nossos parentes,

nossos vizinhos, nossos amigos,

o nosso próximo, enfim,

possam ver o Jesus amado

através de nossas vidas e,

assim, se entreguem a ele,

porque então, Senhor,

estaremos cumprindo a tua vontade

e nos preparando para, no céu,

estarmos juntos com todos eles,

gozando a tua paz

num lugar onde não haverá pranto,

nem dor, nem adeus, nem saudade.

Por Jesus, que assim seja, Senhor!



(Programas para Dias Especiais, UFMBB, 1999, pg.270)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Salmo 1


Mais uma vez postamos um poema de Fagundes Varela, desta vez uma paráfrase do Salmo 1. O Salmo retrata o caminho do justo e o caminho do ímpio e seus destinos, comparando o justo a uma árvore frondosa plantada à beira das águas, firme, constante e frutífera. A satisfação do justo é meditar na lei do Senhor. Sejamos como o justo, prontos a dedicar nosso tempo a estudar a Palavra e principalmente a praticá-la.

"Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa medita dia e noite. É como a árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!" Sl 1.1-3

Salmo 1
Por Fagundes Varela

Ditoso o justo que afastado vive
Do concílio dos maus e do caminho
Trilhado por perversos pecadores!

E que nunca ensinou, bem como o ímpio,
Do negro vício as máximas corruptas!
Ditoso o homem que fiel concentra
De seu Deus criador na lei divina
Todo o seu pensamento e seu afeto,
E nela só medita noite e dia!

Ele será qual árvore frondosa,
Banhada por arroios cristalinos,
Que bons frutos produz na quadra própria,
E nunca perde o viço e a louçania.

Quanto a sorte do ímpio é diferente!
Brinco do acaso, das paixões joguete,
Assemelha-se ao pó que o vento agita
E sobre a terra desdenhoso espalha.

No dia, pois, do santo julgamento
Perante o Deus severo, confundido,
Fulminado será, deixando ao justo,
O prêmio prometido: a glória eterna!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Uma Paráfrase de Natal

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)


Uma Paráfrase de Natal
Por “Cruz de Malta”

Ainda que eu repetisse a história do Natal e cantasse os seus hinos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

Ainda que eu recebesse numerosos presentes de Natal e conhecesse o seu valor monetário; e ainda que cresse na celebração da Festividade do Natal em meio a dias incertos e tenebrosos e não tivesse amor, de nada serviria.

E, ainda que distribuísse presentes de Natal aos pobres e entregasse o meu corpo às intempéries para ministrar aos necessitados e não tivesse amor, de nada me aproveitaria.

Especialmente no Natal, o Festival do Amor, o amor é paciente e benigno; o amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, o amor não se ensoberbece.

Embora o Natal traga consigo as suas tentações, o amor não trata co indecência; não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas alegra-se com o amor de Deus manifesto em Cristo, o Senhor.

Este maravilhoso amor de Deus, derramado sobre o mundo, através do Infante de Belém, faz com que possamos tudo sofrer, tudo crer, tudo esperar, tudo suportar.

O amor jameis se acaba: ainda que haja pinheirinhos de Natal, estes expirarão; ainda que haja enfeites multicores, estes perecerão; ainda que haja gritos alegres de crianças, estes cessarão. Porque estas coisas são apenas a manifestação terrestre da alegria do Natal, mas quando o Natal perfeito vier, então, o que é em parte será aniquilado.

Quando eu era criança, falava a respeito do Natal como criança, compreendia o Natal como criança, pensava a respeito do Natal como criança, mas quando me tornei homem, despojei-me das minhas idéias egoísticas sobre o Natal.

Porque agora vemos apenas de relance, a beleza do Natal, mas então veremos em toda a sua glória. Agora eu conheço em parte o significado deste dia, mas então conhecerei o Natal, assim como eu mesmo sou conhecido.

Por ora, ficam a fé, a esperança e o amor, estas três; mas a maior é o amor. Possa este maravilhoso Espírito de amor, o verdadeiro Espírito de Natal, encher o nosso coração neste tempo em que Cristo nasceu.


In: “O Natal de Cristo – Coletânea”. Casa Publicadora Batista, RJ.1966.2ª. ed. pg.89
Imagem: “O nascimento de Cristo”, de Federico Barocci, 1.597 – fonte: www.art-bible.info

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Cantata Noite de Luz

O Grande de Coro da Igreja Memorial Batista apresentará hoje a cantata de natal Noite de Luz, sob a regência do Ministro de Música Anderson Silveira Motta, às 20h. Venha louvar conosco! O templo da Igreja Memorial Batista fica na SGAS Quadra 905, Módulos E e F.

Natal


O Cristianismo e Literatura dessa semana traz um poema com tema natalino escrito por aquele que é conhecido como o Príncipe dos poetas brasileiros. Olavo Bilac (1865-1918) foi jornalista e possivelmente o poeta mais popular do Brasil. Suas poesias são marcadas pelo cultivo das formas, da métrica, da rima e por um rico vocabulário. No poema transcrito, o príncipe dos poetas anuncia o nascimento do Príncipe da paz, enfatizando sua circunstância humilde e o destino do bebê como salvador dos pecadores.


Natal

Por Olavo Bilac


Jesus nasceu. Na abóbada infinita

Soam cânticos vivos de alegria;

E toda a vida universal palpita

Dentro daquela pobre estrebaria...


Não houve sedas, nem cetins, nem rendas

No berço humilde em que nasceu Jesus...

Mas os pobres trouxeram oferendas

Para quem tinha de morrer na cruz.


Sobre a palha, risonho, e iluminado

Pelo luar dos olhos de Maria,

Vede o Menino-Deus, que está cercado

Dos animais da pobre estrebaria.


Não nasceu entre pompas reluzentes;

Na humildade e na paz deste lugar,

Assim que abriu os olhos inocentes

Foi para os pobres seu primeiro olhar.


No entanto, os reis da terra, pecadores,

Seguindo a estrela que ao presepe os guia,

Vem cobrir de perfumes e de flores

O chão daquela pobre estrebaria.


Sobem hinos de amor ao céu profundo;

Homens, Jesus nasceu! Natal! Natal!

Sobre esta palha está quem salva o mundo,

Quem ama os fracos, quem perdoa o mal,


Natal! Natal! Em toda a natureza

Há sorrisos e cantos, neste dia...

Salve Deus da humildade e da pobreza

Nascido numa pobre estrebaria.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Duas respostas ao Natal


Extraído de: Stott, John. A Bíblia toda o ano todo. Viçosa: Ultimato, 2007, p. 153.

Enfim, só há duas respostas possíveis a Jesus Cristo, que são exemplificadas nas figuras contrastantes de Herodes, o Grande, e dos magos. A reação do monarca foi de total coerência com seu célebre caráter. Seu longo reinado foi manchado de sangue. Foram os romanos que o colocaram no trono e o chamaram de "rei dos judeus". No entanto, ele era estrangeiro; seu pai era edomita e sua mãe, uma princesa árabe. Ele não possuía títulos, nem direito de assumir o trono.

Em conseqüência disso, a posição de Herodes era muito instável, e ele vivia aterrorizado por seus rivais. Quando identificava um, tratava de liquidá-lo de imediato. Ele matou sua esposa Mariane; sua mãe, Alexandra; e seus três filhos, Aristóbulo, Alexandre e Antípater. Matou mais da metade dos membros do Sinédrio e diversos tios, primos e outros parentes. Não é surpresa, portanto, que Josefo, o historiador judeu, o chamasse de "monstro implacável", ou que o imperador Augusto dissesse que era mais seguro ser um porco de Herodes do que filho dele. Numa leitura psicológica, ele sofria de uma grave paranóia. E agora os magos chegam perguntando onde está o recém-nascido "Rei dos judeus". Mas o que é isso? Ele, Herodes, era o rei dos judeus; quem era esse farsante?

Em princípio, a mesma situação prevalece hoje. Muitas pessoas têm em Jesus um rival, um inconveniente, um constrangimento, aquilo que C. S. Lewis chamou de "um intruso transcendental". Dessa forma, nos deparamos com uma escolha que temos de fazer. Ou enxergamos Jesus como uma ameaça e resolvemos como Herodes, nos livrar dele; ou o enxergamos como o Rei dos reis e nos decidimos, como os magos, a adorá-lo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal, pra quê?


Jesus nasceu durante a vida de Herodes, o Grande, que os Romanos haviam designado para governar a Judéia. Os calendários são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus, mas as pessoas que fizeram essa contagem equivocaram-se com as datas: Herodes morreu no ano 4 a.C., de modo que Jesus nasceu 3 anos antes. Desde o séc. IV, os cristãos festejam o Natal, ou nascimento de Cristo, no dia 25 de dezembro. Esta foi uma adaptação das festas ao deus Sol dos povos pagãos, adquirida pelos Romanos. A data real ainda é incerta.

Então Jesus não nasceu no dia 25 dezembro, provavelmente não no ano 0 mas entre 8 e 7 a.C. (antes de Cristo), o Natal de hoje era originalmente uma festa pagã e não cristã; as celebrações em nossos dias detêm muito mais um espírito materialista e consumista, e os símbolos pouco ou nada refletem o verdadeiro sentido do Natal de Jesus!

Seria certo então continuarmos a manter a celebração natalina todos os anos? Não seria melhor, na verdade, seguir o caminho de alguns movimentos evangélicos fundamentalistas que rejeitam a celebração e se negam a comemorar o Natal?

Penso que não! E se é verdade que a origem do Natal é pagã, também é verdade que a adaptação da mesma em uma celebração cristã tinha um motivo forte e uma confissão: Jesus é, por assim dizer, o verdadeiro "Deus Sol" e Ele, sim, é o verdadeiro sentido do Natal! O profeta Malaquias (4.2) anunciou: "Mas para vós, os que temeis o Meu nome, nascerá o Sol da Justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria". O Messias prometido é aqui chamado SHEMESH TSEDAQA, Sol da Justiça.

Para o crente não importa exatamente quando Jesus nasceu, mas sim o fato que Ele nasceu, viveu e morreu para reconciliar-nos com Deus. Para o crente não importa em que ano Ele nasceu, mas sim o fato que Ele vive todo o ano em nós. Para o crente não importa se os símbolos não se reportam a Ele, pois que Ele, sim, dá sentido ao Natal!

Assim, ao invés de rejeitarmos este que tem sido chamado em alguns lugares como "o dia nacional de compras" vamos usá-lo para, à parte das roupas novas e presentes, celebrarmos a glória de Jesus Cristo, o Sol da Justiça. Vamos usar este dia para proclamarmos a grande e transformadora verdade: JESUS NASCEU, DEUS VEIO HABITAR CONOSCO!

Soli Deo gloria.

Pr. Josué Mello Salgado

sábado, 19 de dezembro de 2009

George Müller, o gigante da fé


O gigante da fé, George Müller, nasceu na Alemanha em 1805. Quando jovem costumava roubar e mentir, segundo ele mesmo quase não houve pecado no qual não tivesse caído. Aos 20 anos de idade, tornou-se cristão depois de visitar uma pequena reunião em uma casa. Sua conversão foi dramática e ele abandonou de vez seus hábitos pecaminosos. Em 1829 foi a Londres para fazer um treinamento na Sociedade Londrina para a Promoção do Cristianismo entre os Judeus.

O aspecto mais significante dos 92 anos de vida de George Müller na terra foi sua obediência absoluta à vontade de Deus.

Em 1830 ele casou-se com Mary Grooves, que se tornou uma verdadeira companheira e sustentáculo nos anos seguintes. Três semanas depois de seu casamento, Müller e sua esposa decidiram abrir mão de seu salário como pastor de uma pequena congregação, e depender exclusivamente de Deus para suas necessidades. Já desde o início, ele tomou a posição que manteria durante todo o seu ministério, de nunca revelar suas necessidades às pessoas, e de nunca pedir dinheiro de ninguém, somente de Deus. Ao mesmo tempo, decidiu que também nunca entraria em dívida por motivo algum, e que não faria reservas, nem guardaria dinheiro para o futuro.

Muller recebeu aproximadamente R$ 395.250.000,00 em resposta a orações sem jamais ter pedido ofertas. Além de nunca divulgar suas necessidades, ele tinha um critério muito rigoroso para receber ofertas. Por mais que estivesse precisando (pois em milhares de ocasiões não havia recursos para a próxima refeição), se o doador tivesse outras dívidas, se tivesse evidência de que havia alguma atitude errada, ou alguma condição imprópria, a oferta não era aceita.

Em 1834 ele fundou o Instituto de Conhecimentos das Escrituras, que existe até hoje, sempre respeitando o princípio que ele mesmo impôs de nunca depender de patrocínios, nunca fazer apelos por ofertas e nunca contrair dívidas.

Ele também orava diariamente pela conversão de pessoas; e orou durante cinqüenta anos por algumas pessoas, mostrando sua fé e confiança em Deus. Todas as suas orações eram registradas em livros, com a data do começo da petição, o pedido a Deus, a data da resposta e como Deus respondeu.

Durante mais de sessenta anos de ministério, Müller iniciou 117 escolas que educaram mais de 120.000 jovens e órfãos; distribuiu 275.000 Bíblias completas em diferentes idiomas além de grande quantidade de porções menores; sustentou 189 missionários em outros países; e sua equipe de assistentes chegou a contar com 112 pessoas.

Seu maior trabalho foi dos orfanatos em Bristol, na Inglaterra. Começando com duas crianças, o trabalho foi crescendo com o passar dos anos, e chegou a incluir cinco prédios construídos por ele mesmo, com nada menos que 2000 órfãos sendo alimentados, vestidos, educados e treinados para o trabalho. Ao todo, pelo menos dez mil órfãos passaram pelos orfanatos durante sua vida. Só a manutenção destes órfãos custava 26 mil libras por ano. Nunca ficaram sem uma refeição, mas muitas vezes a resposta chegava na última hora. Às vezes sentavam para comer com pratos vazios, mas a resposta de Deus nunca falhava.

George Müller era um homem comum, mas sua fé inegável e confiança total em Deus e seu amor a Ele têm o mesmo impacto no mundo hoje do que quando ele partiu. Sua vida continua sendo uma inspiração para todos aqueles que entregaram sua vida para Deus. E para todos nós continua sendo mais uma daquelas "vidas que marcaram...".

Müller morreu em 1898, aos 92 anos. Ele participou ativamente, enquanto viveu, em Bethesda e nos orfanatos até o dia anterior da sua morte. Segundo o jornal The Bristol Mercury, foi "a maior personalidade que Bristol conheceu como cidadão nesta geração". O Bristol Evening News escreveu que "na era do agnosticismo e materialismo, ele pôs em prática teorias sobre as quais muitos homens estavam contentes em sustentar uma controvérsia inútil".

Nossa biblioteca conta com os seguintes títulos sobre George Müller:

- Bailey, Faith. George Müller. São Paulo, Vida.

- Lobo, H. P. de Castro. George Müller: 50 mil orações respondidas. Rio de Janeiro: Escola Bíblica do Ar.

Vale a pena ler!

Estudar a Bíblia é mais importante do que ler livros

"Eu caíra na armadilha que muitos cristãos caem: preferir ler livros religiosos ao invés da Bíblia. Na verdade, de acordo com as Escrituras, nós deveríamos pensar da seguinte maneira: O próprio Deus dignou-se a tornar-se autor de um livro, e eu sou ignorante acerca deste precioso livro que o Seu Espírito inspirou; por causa disso, eu devo ler novamente este Livro dos livros mais cuidadosamente, com mais oração, com muito mais meditação. Mas essa não foi minha atitude. É verdade que minha ignorância sobre a Palavra levou-me a desejar estudá-la, todavia, por causa da minha dificuldade em entendê-la, nos primeiros quatro anos de minha vida cristã, eu negligenciei na sua leitura. Assim como muitos cristãos fazem, eu praticamente preferia ler as obras de homens não inspirados ao invés de ler os oráculos do Deus vivo. Como conseqüência disso, eu permaneci um bebê tanto no conhecimento quanto na graça. No conhecimento, porque todo verdadeiro conhecimento deve ser obtido da Palavra de Deus por meio de Seu Espírito. Como triste conseqüência, esta falta de conhecimento me impediu de caminhar nos caminhos de Deus com firmeza e constância. Pois é a verdade que nos liberta, livrando-nos do cativeiro dos desejos da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida. A Palavra prova isto. Também a experiência dos santos e minha própria experiência provam, de modo incontestável, a veracidade deste princípio, pois quando aprouve ao Senhor, em agosto de 1829, ensinar-me a confiar nas Escrituras, minha vida e meu caminhar tornaram-se muito diferentes".

“Se alguém me perguntasse como é possível ler as Escrituras de modo mais proveitoso, eu responderia da seguinte maneira:

Acima de tudo, devemos ter a Palavra armazenada em nossa mente, de modo que Deus apenas por meio do Espírito Santo possa ensinar-nos. Desta forma, é de Deus que vamos esperar todas as bênçãos e vamos buscar a bênção de Deus tanto antes quanto durante a leitura da Palavra.

Deveríamos compreender claramente que o Espírito Santo não é apenas o melhor Mestre, mas também é suficiente. Nem sempre Ele nos ensina imediatamente aquilo que desejamos saber. É possível, portanto, que algumas vezes necessitemos suplicar-lhe várias vezes a fim de receber explicação para algumas passagens; mas no final Ele certamente irá nos ensinar se nós buscarmos luz com oração, com paciência e para a glória de Deus".

Fontes: http://www.editoradosclassicos.com/autores_detalhes.php?autor_id=1 e http://www.pilb.t5.com.br/georgemuller.htm

Por Priscila Rocha

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O culto que agrada a Deus (Final)

...para que fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus” (I Timóteo 3.15)

Em quatro pastorais anteriores, refletimos sobre aspectos práticos do culto e da adoração no templo. Ressaltamos que o princípio geral do culto é que ele é destinado a Deus, não a nós e nossas vontades. Enfatizamos que o templo não é santo no sentido pagão de “lugares santos” (não é santuário!); mas ele é separado para o louvor a Deus e a adoração. Compreendemos que, do ponto de vista rigorosamente bíblico, não haveria sanção para uso de quaisquer instrumentos musicais no culto: bateria, piano ou órgão; estes devem ser compreendidos como “auxiliares” na adoração e sujeitos à cultura local, uso com bom senso, e respeito à diversidade de gostos e preferências pessoais. Afirmamos que o aplauso é legitimamente uma expressão de elogio, e que, contudo, não é incentivado em nossos cultos para fugirmos do lugar comum do desvirtuamento do culto enquanto louvor devido tão somente a Deus.

Tais reflexões práticas procuraram enfocar aquilo que é central no culto e na adoração: a busca da atitude mental e corporal corretas. Em outras palavras, quem vem ao templo para agradar e adorar a Deus precisa refletir sobre sua atitude mental e corporal visando oferecer a Deus um culto aceitável.

A Bíblia revela que um culto a partir da atitude e do comportamento inadequado pode ser rejeitado por Deus. Diz a Escritura que o Senhor “atentou para Abel e para sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gênesis 4.4-5). Oferecer a Deus o pior em termos de atitude e comportamento é condenado veementemente na Bíblia: “Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos” (Malaquias 1.8). Por trás de uma oferta e um culto de má qualidade, há sempre um adorador deficiente e rejeitado por Deus!

Da posição estratégica em que me encontro, todos os domingos contemplo com profunda preocupação atitudes e comportamentos corporais que denigrem a imagem do Deus a quem pretendemos adorar: são os que trazem copos de água e iguarias para dentro do templo, pensam estar em uma lanchonete; são os que usam e abusam dos chicles, assemelhando os adoradores a verdadeiros ruminantes; são os que usam roupas bem adequadas talvez à moda sensualista e incrédula do mundo, mas jamais ao culto; são os que se sentam esparramados no banco a exibir suas protuberâncias abdominais, postura talvez adequada a um clube, mas nunca a um templo de louvor a Deus; são os que compartilham carícias, transformando o templo em “namoródromo”; são os que conversam o tempo todo, não deixando qualquer chance ao Espírito Santo de falar; são os que fazem cara feia para tudo o que não condiz com o seu gosto e preferência, esquecendo naturalmente que o culto deve agradar a Deus; são os que manipulam seus celulares, enviando torpedos sobre os temas mais diversos, e há ainda aqueles que, pretendendo protestar contra a Igreja, o pastor, o sermão etc..., ficam inertes sem participar de nada, com a Bíblia aberta “fingindo” que a estão lendo... Enfim, eu me pergunto: o que estes estão fazendo no templo e no culto? E com o profeta Isaías: “Quando vindes para comparecerdes perante Mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os Meus átrios?” (Isaías 1.12). Alguns justificam dizendo que é melhor que estes maus adoradores estejam dentro do templo mal comportados do que do lado de fora. Neste assunto, sigo a Bíblia Sagrada: se é para estar no templo que seja somente para adorar e servir a Deus, por inteiro!

SOLI DEO GLORIA

Pr. Josué Mello Salgado

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Culto e Compromisso


“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês” (Romanos 12.1)


Vivemos em um tempo no qual o ato de comprometer-se se tornou uma raridade. Diria até um “artigo de luxo” em alguns círculos, para algumas pessoas. No atual panorama marcadamente consumista, nada pode durar tanto, tudo necessita ter um prazo de validade muito pequeno, melhor ainda se for descartável. O problema é que esta mentalidade permeia e invade, sobretudo, os relacionamentos. Podemos acompanhar, por exemplo, o crescente e entristecedor registro de casais que com pouco tempo de matrimônio, alguns com menos de um ano, partem para um divórcio, para uma separação. Simplesmente porque “não deu certo”. Pouco tempo, diante de escassas tentativas de investimento na relação, diante da dificuldade em se sustentar o compromisso no relacionamento, opta-se, sem maiores dificuldades, pelo término.

Mas não é só nos relacionamentos interpessoais que isto acontece. Quando pensamos acerca de nossa trajetória de vida cristã, infelizmente constatamos que, mesmo na vida espiritual, este tem sido o nível de (falta de) compromisso que a maioria das pessoas tem estabelecido com Deus.

Na sociedade hodierna, é cada vez mais comum vermos as pessoas querendo relacionar-se com Deus. Em uma razão inversamente proporcional, porém, diminui significativamente o número de pessoas dispostas a se comprometerem com Ele! Querer alimentar um relacionamento com Deus não é sinônimo de querer estabelecer um compromisso real com o Senhor, compromisso este que implica submissão à Sua Palavra e à Sua Vontade. Aproximar-se de Deus para obter vantagens, receber bênçãos, alcançar vitórias, prosperar a qualquer custo, sem o menor desejo de por Ele ser transformado e de firmar um compromisso de renovação constante da mente (cf. Rm12.2), é converter esta relação em algo descartável. É ser apenas pragmático na comunhão com o Senhor. É utilizar-se Dele enquanto bem servir ou durante o período das “conquistas”. Em contrapartida, quando Deus não satisfizer mais os desejos e as vontades mesquinhas e egoístas, vê-se abandonado com mais rapidez do que quando alguém abandona um copo de plástico após a sua utilização.

Não é preciso muito esforço para concluir que esta é uma profunda marca de nossa contemporaneidade. As realidades são assim hoje em dia. E são porque buscamos muito mais as facilidades da vida. A preocupação pelo que deve ser feito não ocupa destaque. Pensamos apenas em fazer o mais fácil, o mais vantajoso, ou pelo menos o que irá tornar a nossa vida mais simplificada, seja certo ou errado.

O verdadeiro cristianismo, no entanto, necessita ser estabelecido numa perspectiva de contracultura social. Não podemos viver na íntegra a radicalidade do evangelho se não estamos pré-dispostos a nos comprometer com Deus e com a Sua Palavra. E mais, se este pacto não se estende ao compromisso com a Sua vontade para nós.

Não se pode querer permanecer na presença de Deus se não houver um profundo e reiterado desejo de comprometer-se com Ele. Não se pode sequer prestar culto ao Senhor se não existe tal direcionamento. Cultuar a Deus é também comprometer-se com Ele, com o Seu reino, com a Sua igreja, e, principalmente, com as mudanças e ajustes que a Sua Palavra exige de nós. Se almejarmos apresentar um culto verdadeiro e coerente ao Senhor é fundamental oferecermo-nos como sacrifício vivo, santo e agradável em Sua presença. Esta é a dimensão exata do compromisso que devemos alimentar com Deus. Vidas dedicadas, vidas que buscam a santidade, vidas que procuram, pelo seu reto proceder, agradar ao Senhor em tudo o que fazem. Aqueles que se comprometem de fato com Deus prestam-lhe um culto verdadeiro, digno e sincero.

Que Ele nos abençoe e nos ajude!


Pr. Matheus Guimarães Guerra Gama

sábado, 12 de dezembro de 2009

Charles H. Spurgeon, o Principe dos Pregadores - breve biografia




Charles Haddon Spurgeon, ministro batista mais conhecido da Inglaterra vitoriana, nasceu em 19 de junho de 1834 em Kelvedon, Essex e passou sua infância e início de adolescência em Stambourne, Colchester, e Newmarket. Em 1856 ele se casou com Susannah Thompson; seus filhos únicos, filhos gêmeos Thomas e Charles, nasceram em 20 de setembro de 1857.

Spurgeon não teve educação formal além da Academia Newmarket, que cursou de agosto de 1849 a junho de 1850, mas tinha conhecimento, por meio de muita leitura, de teologia puritana, história natural, latim e literatura vitoriana. A falta de um diploma universitário não era empecilho para sua carreira de pregador notável, que começou em 1850, quando tinha apenas quinze anos.

Poucos meses depois de sua conversão ao cristianismo, começou a pregar em Teversham. No ano seguinte, Spurgeon aceitou seu primeiro pastorado, na Capela Batista em Waterbeach. A igreja cresceu rapidamente, de menos de uma dúzia de fiéis para mais de quatrocentos e sua reputação como pregador chamou a atenção da New Park Street Church, a maior igreja batista de Londres, onde foi convidado a a pregar em dezembro de 1853; após um breve período de estágio, concordou em se mudar para Londres e se tornar o novo pastor daquela igreja, que também cresceu rapidamente.

Em 30 de agosto de 1854, os membros concordaram em ampliar a capela. Durante a reforma, os serviços foram realizados no Exeter Hall, um auditório público com capacidade para 5.000 pessoas, na Strand Street. A reforma da New Park Street foram concluídas em maio de 1855, mas a capela era ainda muito pequena, e em junho uma comissão foi formada para supervisionar a construção da nova sede da igreja, a Metropolitan Tabernacle para 5000 pessoas.

A congregação se mudou mais uma vez, e se reunia no Exeter Hall e no Surrey Gardens Music Hall, que tinha capacidade para 8000 pessoas, até que a Metropolitan Tabernacle fosse concluída em 18 de março de 1861.

Spurgeon começou a publicar seus trabalhos logo depois que iniciou sua carreira de pregador. Em janeiro de 1855, Passmore e Alabaster inauguraram o "Penny Pulpit", publicando um sermão a cada semana; a série continuou até 1917, um quarto de século depois da morte de Spurgeon. Todos os anos esses sermões eram reeditados em forma de livro, primeiro como The New Park Street Pulpit (6 volumes, 1855-1860) e depois como Metropolitan Tabernacle Pulpit (57 volumes, 1861-1917). Spurgeon publicou inúmeros livros religiosos além de seus sermões; suas obras mais significativas incluem Lectures to My Students (1890), uma coleção de palestras entregues aos alunos da sua Pastors’ College e os 7 volumes do Tesouro de Davi (c. 1869), um devocional best-seller de comentários sobre os Salmos.


O trabalho de Spurgeon, em Londres, não se limitou à pregação e à publicação de seus sermões. Ele também atuou como presidente da Pastors' College, que ele fundou em 1857, criou o Orfanato Stockwell, que abriu para meninos em 1867, e para meninas, em 1879; supervisionou instituições de evangelização e de caridade, como asilos, organizações para distribuir alimentos e roupas para os pobres, e criou um fundo para aquisição de livros para os ministros mais necessitados.

As pregações de Spurgeon eram tanto extremamente populares quanto muito controversas. Alguns o consideravam como o maior orador desde Whitefield, outros criticaram-no como sendo teatral, desajeitado, e até mesmo um sacrilégio. Duas de suas obras mais controversas foram o sermão "Regeneração Batismal” e seu artigo “Down Grade".

Uma saúde debilitada forçou Spurgeon a manter um perfil discreto durante os últimos anos de sua vida. Ele pregou o seu último sermão na Metropolitan Tabernacle em 7 de junho de 1891; morreu na França em 31 de janeiro de 1892, e em 9 de fevereiro mais de 60.000 pessoas foram despedir-se dele na Metropolitan Tabernacle. Ele foi enterrado no cemitério de Norwood em 11 de fevereiro.

Desde o início do ministério, o talento de Spurgeon para a exposição dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência na pregação das Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O Príncipe dos Pregadores.

A importância de Charles Haddon Spurgeon como pregador só encontra parâmetros em seus trabalhos impressos. Spurgeon escreveu 135 livros durante 27 anos (1865-1892). Seus vários comentários bíblicos ainda são muito lidos.

Alguns dos trabalhos escritos mais conhecidos de Charles Haddon Spurgeon são:
All of Grace — editado em português sob o título “Tudo pela Graça”
Miracles and Parables of Our Lord — três volumes
Spurgeon’s Morning and Evening — livro de leituras devocionais diárias
The Sword and The Trowel — revista mensal editada por Spurgeon
The Treasury of David — comentário em vários volumes sobre os Salmos

Vários sermões de Spurgeon foram publicados em português pela editora PES, que também publicou Lições aos Meus Alunos – vols. 1, 2 e 3.
Outros livros publicados em português: “A Maior Luta do Mundo” e “Como ler a Bíblia”, ambos pela Ed. Fiel; “Pescadores de Crianças”, “Esboços Bíblicos” e “Esboços Bíblicos de Salmos”, pela Ed. Vida Nova; Meditações Matinais, Ed. Hagnos.


(fontes: www.victorianweb.org e wikipedia)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A felicidade da fé


Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é a maior figura da literatura brasileira. Sua genialidade é objeto de estudo no Brasil e no Mundo. Embora seja mais conhecido pelos seus romances e contos, Machado de Assis foi também poeta, dramaturgo, cronista e crítico literário. Seus livros de poesias foram Crisálidas, Falenas, Americanas e Ocidentais. O poema transcrito abaixo foi extraído de Crisálidas e fala da felicidade daquele que cumpriu sua carreira e no momento da morte pode estar feliz porque entrará cantando no "seio do infinito". "A derradeira bússola nos seja, Senhor, tua palavra"!


Por Machado de Assis


As orações dos homens
Subam eternamente aos teus ouvidos;
Eternamente aos teus ouvidos soem
Os cânticos da terra.

No turvo mar da vida
Onde os parcéis do crime a alma naufraga,
A derradeira bússola nos seja,
Senhor, tua palavra.

A melhor segurança
Da nossa íntima paz, Senhor, é esta;
Esta a luz que há de abrir à estância eterna
O fúlgido caminho.

Ah! feliz o que pode,
No extremo adeus às cousas deste mundo,
Quando a alma, despida de vaidade,
Vê quanto vale a terra;

Quando das glórias frias
Que o tempo dá e o mesmo tempo some,
Despida já, — os olhos moribundos
Volta às eternas glórias;

Feliz o que nos lábios,
No coração, na mente põe teu nome,
E só por ele cuida entrar cantando
No seio do infinito.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cartas a Malcolm


C. S. Lewis não gostava de escrever cartas. Sua falta de inclinação para escrevê-las era conhecida de todos aqueles que conviviam com ele. Porém, raramente deixava de responder aos que procuravam contato epistolar. Várias de suas cartas, reservadas inicialmente para a intimidade dos interlocutores originais, foram postumamente publicadas e se tornaram célebres. Há um livro composto integralmente pelas cartas de Lewis a uma senhora americana (Cartas a uma senhora americana, editado pela Vida, disponível em nossa biblioteca) escritas ao longo de anos de correspondência. Também, recentemente, foram publicados os diálogos epistolares entre Lewis e Tolkien.

Parece que o exercício contínuo de corresponder-se, se não mudou sua opinião sobre o ofício, certamente aperfeiçoou sua capacidade de utilizar esse meio de comunicação como forma literária. Prova disso é que uma de suas mais conhecidas obras é um conjunto de cartas fictícias entre um demônio experiente e seu sobrinho com instruções sobre a arte de afastar as pessoas de Deus (Cartas de um Diabo ao seu Aprendiz, também disponível em nossa biblioteca).

Recentemente, a Editora Vida publicou mais uma obra epistolar do conhecido pensador Irlandês: Oração: Cartas a Malcolm. Trata-se, desta feita, de uma coleção de cartas a um amigo fictício chamado Malcolm. Nesse diálogo, são abordados vários assuntos, desde liturgia até doutrinas altamente complexas e abstratas como a impassibilidade de Deus e a natureza dos sacramentos. Todavia, o assunto principal, em torno do qual se desenvolvem esses temas marginais, é a oração.

Lewis enfatiza que não existe uma forma pré-definida para a realização da oração. Seja de joelhos, seja sentado, seja num quarto vazio, seja num trem cheio de pessoas e barulhos, a oração pode ser feita eficientemente. Importante na oração é a postura daquele que ora, no sentido de aproximar-se de Deus de forma sincera, sem máscaras, sem religiosidade hipócrita. E como isso é difícil!

O autor revela que não costuma usar e nem recomenda a oração por meio de fórmulas pré-prontas, pois essa prática tende a suprimir a espontaneidade; mas adverte que não é suficiente a abstenção daquela para preservar esta. Muitas vezes oramos com nossas palavras, mas de forma meramente automática. Pode ser, então, que aquele que repete sinceramente uma fórmula, aplicando-a a seu coração durante as orações, seja mais autêntico do que o que forja suas frases autonomamente, mas com frieza.

Lewis trata especialmente dos problemas a respeito da oração de súplica: qual a utilidade da oração em que pedimos algo a Deus se Seu plano é perfeito e imutável? Se o plano de Deus é imutável, como pode haver algo como a resposta a uma oração? Porque se a vontade de Deus já está estabelecida desde a eternidade, mesmo que não orássemos seríamos já, de antemão, respondidos, negativa ou afirmativamente. Então, nossas orações não fazem realmente nenhuma diferença.

Em resposta a essas questões, o autor das Crónicas de Nárnia rejeita a idéia de Deus como uma espécie de legislador universal das generalidades. Muito de nossas noções a respeito da onipotência e da forma como Deus governa o mundo, defende Lewis, são humanas demais. Só os governantes humanos governam massas com leis meramente gerais e abstratas. Deus, porém, governa o mundo nas especificidades, levando em conta as individualidades. Se Deus em seu eterno propósito levou em conta nossos erros, antes de os cometermos, porque não as nossas preces?

O pensador irlandês também adverte para o perigo da utilização de imagens, mesmo que sejam estritamente mentais, na oração. Ao criar essa imagens , podemos até nos concentrar melhor em nossa prece, porém corremos o risco muito maior de falsificarmos o nosso Divino Interlocutor. Não é incomum fazermos representações de Deus como um homem velho de expressão severa ou como um borrão de luz, ambas figuras enganadoras que nos podem desviar da relação efetiva com Ele.

Numa conversa elegante, ao mesmo tempo íntima e erudita, Lewis trata de vários outros assuntos pertinentes à disciplina da oração e à relação com Deus. Para saber mais sobre esses assuntos, basta ler esse excelente livro disponível em nossa biblioteca.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Deus, o poema


Alexandre Herculano (1810-1877) foi um grande poeta e prosador português que ficou famoso por romances históricos como Eurico, o presbítero e O Bobo. O poema reproduzido abaixo é parte do livro A harpa do crente, primeiro livro de poesias do autor. É uma canção de louvor a Deus com momentos dignos dos Salmos de Davi. O poeta louva a Deus pelas maravilhas da criação e pela providência de Deus que o faz passar tranqüilamente por entre os "abrolhos" dessa vida.

Deus
Por Alexandre Herculano

Nas horas de silêncio, à meia-noite,
Eu louvarei o Eterno!
Ouçam-me a terra, e os mares rugidores,
E os abismos do Inferno.
Pela amplidão dos céus meus cantos soem,
E a Lua resplendente
Pare em seu giro, ao ressoar nest'harpa
O hino do Onipotente.

Antes de tempo haver, quando o infinito
Media a eternidade,
E só do vácuo as solidões enchia
De Deus a imensidade,
Ele existia, em sua essência envolto,
E fora dele o nada:
No seio do criador a vida do homem
Estava ainda guardada;
Ainda então do mundo os fundamentos
Na mente se escondiam
De Jeová, e os astros fulgurantes
Nos céus não se volviam.

Eis o Tempo, o Universo, o Movimento
Das mãos solta o Senhor.
Surge n Sol, banha a Terra, desabrocha
Nesta a primeira flor;
Sobre o invisível eixo range o globo;
O vento o bosque ondeia;
Retumba ao longe o mar; da vida a força
A natureza anseia!

Quem, dignamente, ó Deus, há-de louvar-te,
Ou cantar Teu poder?
Quem dirá de Teu braço as maravilhas,
Fonte de todo o ser,
No dia da Criação; quando os tesouros
Da neve amontoaste;
Quando da Terra nos mais fundos vales
As águas encerraste?!

E eu onde estava. quando o Eterno os mundos,
Com destra poderosa,
Fez, por lei imutável, se livrassem
Na mole ponderosa?
Onde existia então ? No tipo imenso
Das gerações futuras;
Na mente do meu Deus. Louvor a Ele
Na Terra e nas alturas!
Oh, quanto é grande o rei das tempestades,
Do raio, e do trovão!
Quão grande o Deus, que manda, em seco estio,
Da tarde a viração!
Por Sua providência nunca, embalde,
Zumbiu mínimo inseto;
Nem volveu o elefante, em campo estéril,
Os olhos inquieto.
Não deu Ele à avezinha o grão da espiga,
Que ao ceifador esquece:
Do norte ao urso o sol da Primavera,
Que o reanima e aquece?
Não deu Ele à gazela amplos desertos,
Ao certo a amena selva,
Ao flamingo os pauis, ao tigre o antro,
No prado ao touro a relva?
Não mandou Ele ao mundo, em luto e trevas,
Consolação e luz?
Acaso em vão algum desventurado
Curvou-se aos pés da Cruz?
A quem não ouve Deus? Somente ao ímpio
No dia da aflição,
Quando pesa sobre ele, por seus crimes.
Do crime a punição.

Homem, ente imortal, que és tu perante
A face do Senhor?
És a junça do brejo, harpa quebrada
Nas mãos do trovador!
Olha o velho pinheiro, campeando
Entre as neves alpinas:
Quem irá derribar o rei dos bosques
Do trono das colinas?
Ninguém! Mas ai do abeto, se o seu dia
Extremo Deus mandou!
Lá correu o aquilão: fundas raízes
Aos ares lhe assoprou.
Soberbo, sem temor, saiu na margem
Do caudaloso Nilo,
O corpo monstruoso ao sol voltando,
Medonho crocodilo.
De seus dentes em roda o susto habita:
Vê-se a morte assentada
Dentro em sua garganta, se descerra
A boca afogueada:
Qual duro arnês de intrépido guerreiro
É seu dorso escamoso;
Como os últimos ais de um moribundo
Seu grito lamentoso:
Fumo e fogo respira quando irado;
Porém, se Deus mandou,
Qual do norte impelida a nuvem passa,
Assim ele passou!

Teu nome ousei cantar! Perdoa, ó Nume;
Perdoa ao teu cantor!
Dignos de ti não são meus frouxos hinos,
Mas são hinos de amor.
Embora vis hipócritas te pintem
Qual bárbaro tirano:
Mentem, por dominar com férreo ceptro
O vulgo cego e insano.
Quem os crê é um ímpio! Recear-te
É maldizer-te, ó Deus;
É o trono dos déspotas da Terra
Ir colocar nos Céus.
Eu, por mim, passarei entre os abrolhos
Dos males da existência
Tranquilo, e sem temor, à sombra posto
Da Tua Providência.