sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O clamor do sangue

Extraído de O evangelista de crianças - Aliança Pró Evangelização de Crianças - Outubro, Novembro e Dezembro de 1985 - páginas 3 e 4



A escuridão era quase palpável. Eu estava num gramado e aos meus pés um grande abismo se abria para o infinito. Mirei e vi que não tinha fim. De um lado e outro havia rochas à beira da inescrutável precipício. Senti vertigem ao olhar para o despenhadeiro; não imaginava que fosse tão fundo!

Mesmo assim, pessoas caminhavam em fila na direção em fila na direção do despenhadeiro. Entre elas, havia uma mulher e uma criança que agarrava-se à sua saia. Quando chegaram à beira do abismo, percebi que era cega! O próximo passo seria fatal. Caiu, dando gritos de horror! E com ela a criancinha!

Mas não foram as únicas. Filas enormes, de todas as direções, caminhavam para o precipício. Todos completamente cegos. Enquanto uns caíam em silêncio, outros gritavam e lutavam para agarrar-se em algo, mas tudo era um imenso e profundo abismo.

“Por que alguém não impede que caiam ?” pensei em agonia. Eu não podia. Estava inerte, presa ao chão, e não conseguia sequer gritar. Nem um som saía da minha garganta, apesar do esforço desesperado que fazia.

Em meu desespero percebi que ali, à beira do precipício, havia sentinelas. Mas vi também que a distância entre elas era grande demais e precisamente por essas brechas que as pessoas caíam!

Agora a grama parecia suja de sangue, e o abismo era como o inferno.

Não muito longe dali vi um grupo de pessoas assentadas embaixo de algumas árvores de costas para o abismo. Desfrutavam de uma perfeita paz. Para matar o tempo, teciam coroas de flores.

De vez em quando, ao ouvir um grito de desespero quebrar o silêncio, elas se perguntavam por que estariam gritando. Se alguém fazia menção de ajudar os que pediam socorro, os demais a dissuadiam.

- Não seja precipitado! Espere por uma chamada definitiva! Além disso você ainda não terminou o seu trabalho. Não seja tolo. Fique aqui para nos ajudar nesse serviço.

Noutro lugar havia também um outro grupo, que recrutava sentinelas, mas eram pouquíssimos os que se dispunham a ir. Em certos lugares faltavam sentinelas em intervalos de quilômetros e quilômetros de distância.

Num certo lugar, uma moça estava sozinha como sentinela. Ela fazia o que podia para que as pessoas não caíssem. Sabendo de seu esforço, sua mãe e outros parentes lhe ordenaram que tirasse férias. Como já estava exausta, decidiu retirar-se do posto. O resultado: seu lugar ficou vago, possibilitando que mais pessoas morressem eternamente!

Naquele mesmo lugar, uma criança caiu, e lutando para sobreviver, agarrou-se a um tufo de grama na encosta de precipício, enquanto gritava por socorro. Mas ninguém ouvia. Quando a grama desprendeu, a criança deu um grito de desespero e caiu.

A moça sentinela ouviu aquele grito e chegou a preparar-se para retornar ao posto, mas todos a reprovavam, lembrando-lhe de que “ ninguém é insubstituível” e que certamente outra pessoa tomaria seu lugar e cantaram um hino para acalmá-la. Mas enquanto cantavam, ouvi o clamor de milhões que choravam amargamente. E no horror daquela escuridão em que me encontrava, percebi que aquele era o clamor do sangue!

Em seguida, uma voz falava comigo” ... “ ... a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis me aqui, envia-me a mim” “ Então disse ele: vai e dize a este povo ...” “ Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” “ E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” ( Isaías 6:8,9; Marcos 16:15; Mateus 28:20).

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