sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Se Deus existe, por que há pobreza?


O livro Se Deus existe, por que há pobreza? do respeitado teólogo cristão, Jung Mo Sung, conduz-nos a compreender a relação de Deus com a pobreza. O tema da obra é apresentada de forma desmistificada, mediante a análise das causas e dos contextos sócio-econômicos, demonstrando que a miséria dos excluídos é apenas uma das mazelas dos seres humanos que produzem ou aceitam sistemas sociais e políticos excludentes. Diante dessa realidade, o autor apresenta a fé em Deus como o caminho para vivermos valores mais solidários e humanos na atual sociedade individualista.

O autor mostra que antes de se tentar resolver o paradoxo sofrimento/injustiça e existência de Divindade, é preciso estabelecer outra premissa para compreender Deus. A premissa da Bíblia é que Deus é amor. E como Deus deseja estabelecer relacionamentos verdadeiros, sendo onipotente, ele precisa se valer de outro poder. O poder mais digno, o único que possibilita relacionamento sem que seres humanos sejam esmagados pela onipotência, Deus, é o amor.

Para Jung Mo Sung se existe miséria, certamente a culpa não é Deus. Os seres humanos concebem sistemas perversos com exclusão social e marginalização econômica, que gera miséria absoluta. Tal sistema conspira contra a vida e é pecado, portanto, precisa ser denunciado para não continuar produzindo mortes desnecessárias.

Segundo o teólogo, a solução dos problemas sociais não se dá somente nos níveis pessoal ou comunitário. Nesses níveis podemos realizar ações locais e mais imediatas que ajudam algumas pessoas ou pequenos grupos. Mas, a grandeza e a complexidade dos problemas sociais no Brasil e no mundo exigem, além das nossas ações locais, uma solução também na esfera da estrutura socioeconômico e a política com ações sociais e política com ações sociais e políticas de médio e longo alcance.

“Lutar pela dignidade humana dos que estão sendo marginalizados (não somente em casos extremos, como o citado, mas também em outros do nosso cotidiano), significa ir contra as leis e valores morais da sociedade, contra a nossa própria situação de bem-estar. Significa não ganhar nada ou ganhar pouco em troca do esforço que pode nos trazer mais problemas. Diante de um dilema assim, podemos cair facilmente numa visão idolátrica de Deus e justificar a marginalização e a nossa indiferença, frente aos sofrimentos dos outros, em nome de alguma “providência divina” tranqüilizadora das nossas consciências”.

O autor diz que, para a cultura dominante no mundo atual, as pessoas valem de acordo com sua capacidade econômica a ou seu sucesso alcançado. Por isso não conseguem ver dignidade humana nas pessoas pobres ou em outras que não satisfazem suas exigências de status. “Quando nos convertemos, temos a experiência de Deus e vivemos de acordo com a fé na revelação de Deus, passamos a ver mais as pessoas como elas realmente são”.

O livro nos deixa a mensagem de que os pobres do mundo, os excluídos das sociedade, não tem fome somente de pão, mas também da humanidade que lhe é negada. Fome do Deus que não exclui ninguém e que está no meio do seres humanos. Por fim, Jung Mo Sung, observa que anunciar o Deus da vida é propor, em primeiro lugar, uma economia que “escute os clamores dos pobres” e coloque como um dos principais objetivos, se não o principal, o atendimento das necessidades dos mais fracos.

Por Priscila Rocha

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