terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Culto e Compromisso


“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês” (Romanos 12.1)


Vivemos em um tempo no qual o ato de comprometer-se se tornou uma raridade. Diria até um “artigo de luxo” em alguns círculos, para algumas pessoas. No atual panorama marcadamente consumista, nada pode durar tanto, tudo necessita ter um prazo de validade muito pequeno, melhor ainda se for descartável. O problema é que esta mentalidade permeia e invade, sobretudo, os relacionamentos. Podemos acompanhar, por exemplo, o crescente e entristecedor registro de casais que com pouco tempo de matrimônio, alguns com menos de um ano, partem para um divórcio, para uma separação. Simplesmente porque “não deu certo”. Pouco tempo, diante de escassas tentativas de investimento na relação, diante da dificuldade em se sustentar o compromisso no relacionamento, opta-se, sem maiores dificuldades, pelo término.

Mas não é só nos relacionamentos interpessoais que isto acontece. Quando pensamos acerca de nossa trajetória de vida cristã, infelizmente constatamos que, mesmo na vida espiritual, este tem sido o nível de (falta de) compromisso que a maioria das pessoas tem estabelecido com Deus.

Na sociedade hodierna, é cada vez mais comum vermos as pessoas querendo relacionar-se com Deus. Em uma razão inversamente proporcional, porém, diminui significativamente o número de pessoas dispostas a se comprometerem com Ele! Querer alimentar um relacionamento com Deus não é sinônimo de querer estabelecer um compromisso real com o Senhor, compromisso este que implica submissão à Sua Palavra e à Sua Vontade. Aproximar-se de Deus para obter vantagens, receber bênçãos, alcançar vitórias, prosperar a qualquer custo, sem o menor desejo de por Ele ser transformado e de firmar um compromisso de renovação constante da mente (cf. Rm12.2), é converter esta relação em algo descartável. É ser apenas pragmático na comunhão com o Senhor. É utilizar-se Dele enquanto bem servir ou durante o período das “conquistas”. Em contrapartida, quando Deus não satisfizer mais os desejos e as vontades mesquinhas e egoístas, vê-se abandonado com mais rapidez do que quando alguém abandona um copo de plástico após a sua utilização.

Não é preciso muito esforço para concluir que esta é uma profunda marca de nossa contemporaneidade. As realidades são assim hoje em dia. E são porque buscamos muito mais as facilidades da vida. A preocupação pelo que deve ser feito não ocupa destaque. Pensamos apenas em fazer o mais fácil, o mais vantajoso, ou pelo menos o que irá tornar a nossa vida mais simplificada, seja certo ou errado.

O verdadeiro cristianismo, no entanto, necessita ser estabelecido numa perspectiva de contracultura social. Não podemos viver na íntegra a radicalidade do evangelho se não estamos pré-dispostos a nos comprometer com Deus e com a Sua Palavra. E mais, se este pacto não se estende ao compromisso com a Sua vontade para nós.

Não se pode querer permanecer na presença de Deus se não houver um profundo e reiterado desejo de comprometer-se com Ele. Não se pode sequer prestar culto ao Senhor se não existe tal direcionamento. Cultuar a Deus é também comprometer-se com Ele, com o Seu reino, com a Sua igreja, e, principalmente, com as mudanças e ajustes que a Sua Palavra exige de nós. Se almejarmos apresentar um culto verdadeiro e coerente ao Senhor é fundamental oferecermo-nos como sacrifício vivo, santo e agradável em Sua presença. Esta é a dimensão exata do compromisso que devemos alimentar com Deus. Vidas dedicadas, vidas que buscam a santidade, vidas que procuram, pelo seu reto proceder, agradar ao Senhor em tudo o que fazem. Aqueles que se comprometem de fato com Deus prestam-lhe um culto verdadeiro, digno e sincero.

Que Ele nos abençoe e nos ajude!


Pr. Matheus Guimarães Guerra Gama

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