George Herbert (1593-1633) foi sacerdote da Igreja da Inglaterra e dedicou sua poesia ao serviço do evangelho, especialmente nos últimos dias de sua produção literária. Sua obra é considerada uma autobiografia espiritual e influenciou várias gerações de poetas e leitores. O poema O altar, transcrito abaixo, usa uma técnica de representação icônica semelhante ao do poema A cruz de Fagundes Varela, que já postamos aqui no blog. Nele o poeta dedica o seu coração como um altar para prestar o louvor e sacrifício que verdadeiramente agradam a Deus. "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" Romanos 12:1
O altar
Por George Herbert
Tradução de Aíla de Oliveira Gomes, extraído de: Gomes, Aíla de Oliveira. Poesia Metafísica: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 92.
Senhor, teu servo te levanta um ALTAR quebrado,
Feito de um coração, e de lágrimas cimentado,
Cujas partes são como tua mão os moldou;
Instrumento algum um outro assim criou.
CORAÇÃO solitário,
Nenhum lapidário
Capaz de o lavrar
Com Tu'arte ímpar.
Coração de pedra,
Cada caco informe
Se une e se queda
A louvar teu Nome.
Por isso, se eu consigo alcançar a paz,
Destas pedras aqui teu louvor ouvirás.
Oh! permite que o SACRIFÍCIO aqui seja meu,
E santifica este ALTAR, para que seja teu.
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