quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Zaqueu


Francis Quarles (1594-1644) foi um poeta inglês bastante popular por fazer paráfrases líricas de diversas passagens das escrituras. O poema da semana é uma paráfrase do episódio do Evangelho de Lucas em que o publicano Zaqueu, porque era de baixa estatura, sobe em uma árvore para ver Jesus. Zaqueu, tido como traidor do povo judeu por servir o governo romano, não se intimidou frente à passagem de Jesus e se apresentou assim como estava, sem ter vergonha de subir em uma árvore para que o Mestre o notasse. Devemos ser mais como Zaqueu e não deixar que Jesus passe por nossa indiferença e apatia, mas apresentar a Ele corajosamente nossas vidas para que ele então entre em nossas casas e sejamos salvos.


"Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura. Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com homem pecador. Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais.Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido." Lucas 19: 1-10


Zaqueu

Por Francis Quarles


Tradução de Aíla de Oliveira Gomes, extraído de: Gomes, Aíla de Oliveira. Poesia Metafísica: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p.151.


Parece-me ver com quanta sofreguidão

Zaqueu subiu na árvore. Mas oh!, então,

O salvador o chama, e com que rapidez,

Vê só, com quanta pressa, ele desce outra vez!

Sem nem pensar se os galhos são firmes ou não,

Sem nem medir a sua distância do chão.

Não há perigo a temer. Àquele Chamado,

Quem teme a queda põe em risco o seu bocado.

O Espírito o dirige - tens de descer, Zaqueu.

Não hás de cair, a não ser cair no céu.

Lá salta então Zaqueu da árvore, embevecido -

Nem tão rápido cai o pássaro atingido

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