Francis Quarles (1594-1644) foi um poeta inglês bastante popular por fazer paráfrases líricas de diversas passagens das escrituras. O poema da semana é uma paráfrase do episódio do Evangelho de Lucas em que o publicano Zaqueu, porque era de baixa estatura, sobe em uma árvore para ver Jesus. Zaqueu, tido como traidor do povo judeu por servir o governo romano, não se intimidou frente à passagem de Jesus e se apresentou assim como estava, sem ter vergonha de subir em uma árvore para que o Mestre o notasse. Devemos ser mais como Zaqueu e não deixar que Jesus passe por nossa indiferença e apatia, mas apresentar a Ele corajosamente nossas vidas para que ele então entre em nossas casas e sejamos salvos.
"Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura. Então, correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com homem pecador. Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais.Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido." Lucas 19: 1-10
Zaqueu
Por Francis Quarles
Tradução de Aíla de Oliveira Gomes, extraído de: Gomes, Aíla de Oliveira. Poesia Metafísica: uma antologia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p.151.
Parece-me ver com quanta sofreguidão
Zaqueu subiu na árvore. Mas oh!, então,
O salvador o chama, e com que rapidez,
Vê só, com quanta pressa, ele desce outra vez!
Sem nem pensar se os galhos são firmes ou não,
Sem nem medir a sua distância do chão.
Não há perigo a temer. Àquele Chamado,
Quem teme a queda põe em risco o seu bocado.
O Espírito o dirige - tens de descer, Zaqueu.
Não hás de cair, a não ser cair no céu.
Lá salta então Zaqueu da árvore, embevecido -
Nem tão rápido cai o pássaro atingido
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