Bocage (1765-1805) foi o maior representante português do movimento arcadista e um dos maiores poetas de língua portuguesa. No poema transcrito, Bocage argumenta que não só a fé aponta para a existência de Deus, mas também a razão, por meio da experiência da grandeza e da ordem presentes na natureza. O poeta traduz liricamente as idéias da Teologia Natural, que eram duramente disputadas no século XVIII e que até hoje permanecem objeto de controvérsia. De qualquer forma, a idéia de que a natureza proclama a glória de Deus está presente em diversas passagens bíblicas, ainda que não esteja implicado necessariamente o conceito de prova como demonstração racional.
A existência de Deus, provada pelas obras da criação
Por Manuel Maria Barbosa du Bocage
Os milhões de áureos lustres coruscantes
Que estão da azul abóbada pendendo;
O Sol e a que ilumina o trono horrendo
Dessa que anima os ávidos amantes;
As vastíssimas ondas arrogantes,
Serras de espuma contra os céus erguendo;
A leda fonte humilde o chão lambendo,
Lourejando as searas flutuantes;
O vil mosquito, a próvida formiga,
A rama chocalheira, o tronco mudo:
Tudo que há Deus a confessar me obriga.
E para crer num braço, autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da fé, mas da razão me ajudo.
Que estão da azul abóbada pendendo;
O Sol e a que ilumina o trono horrendo
Dessa que anima os ávidos amantes;
As vastíssimas ondas arrogantes,
Serras de espuma contra os céus erguendo;
A leda fonte humilde o chão lambendo,
Lourejando as searas flutuantes;
O vil mosquito, a próvida formiga,
A rama chocalheira, o tronco mudo:
Tudo que há Deus a confessar me obriga.
E para crer num braço, autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da fé, mas da razão me ajudo.
Ola, esta fotografia eh de minha autoria e nao foi autorizada a ser colocada neste site. Peco a gentileza de retirar a foto ou dar os devidos creditos. Obrigada
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