Agostinho da Cruz (1540-1619) é o nome pelo qual ficou conhecido o poeta português Agostinho Pimenta, Frei da ordem de São Francisco. Sua poesia ficou marcada pelo fervor espiritual com que traduzia suas experiências com Deus para os versos. O poema transcrito fala da pureza do amor de Cristo, que, mesmo rejeitado, entregou-se para a redenção daqueles que o haviam desprezado. Morto de amor, Cristo de amor mata a morte, a maldição antiga. A coroa de espinhos, que dá título ao poema, simboliza essa dinâmica: os espinho que ferem o Senhor, são então destruídos.
À coroa de espinhos
Agostinho da Cruz
A que vindes, Senhor do Céu à terra,
Terra que sendo vossa vos enjeita,
E que tanto vos honra e vos respeita,
Que em não vos receber insiste e emperra?
Ah! Quanta ingratidão nela s’encerra!
Quão mal de vossa vinda se aproveita!
Pois se põe a tomar-vos conta estreita,
Mais brada contra vós, quanto mais erra.
E vós de vosso amor puro forçado
Os malditos espinhos lhe pisais,
Dos quais ainda sendo coroado,
A maldição antiga lhe trocais
Na bênção, que lhe dais crucificado,
Quando morto d’amor, d’amor matais.
Agostinho da Cruz
A que vindes, Senhor do Céu à terra,
Terra que sendo vossa vos enjeita,
E que tanto vos honra e vos respeita,
Que em não vos receber insiste e emperra?
Ah! Quanta ingratidão nela s’encerra!
Quão mal de vossa vinda se aproveita!
Pois se põe a tomar-vos conta estreita,
Mais brada contra vós, quanto mais erra.
E vós de vosso amor puro forçado
Os malditos espinhos lhe pisais,
Dos quais ainda sendo coroado,
A maldição antiga lhe trocais
Na bênção, que lhe dais crucificado,
Quando morto d’amor, d’amor matais.
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